O curso de engenharia física é ainda relativamente recente. Na UFRGS, por exemplo, onde os membros da Enfitec Júnior estudam, em 2019 fez 10 anos de história. Em homenagem a essa data histórica, houve uma palestra apresentada pelo Cristiano Krug que pode ser acessada aqui.

Para nos contar um pouco mais de detalhes do curso e do trabalho do profissional formado em engenharia física, teremos o prazer de conversar com o professor Cristiano Krug que contará sobre “O(A) engenheiro(a) físico(a) no mercado de alta tecnologia”.

Primeiramente, professor, peço que apresente-se e fale um pouco sobre a sua formação profissional até o presente momento.

Sou Técnico em Química (1994) pela Fundação Liberato (Novo Hamburgo, RS) e Bacharel em Química (1999), Mestre em Física (2000) e Doutor em Física (2003) pela UFRGS. Fui pesquisador pós-doutor na North Carolina State University e na SEMATECH (um consórcio de pesquisa e desenvolvimento da indústria de semicondutores). Após um período na Universidade de Caxias do Sul (UCS), tornei-me professor do Departamento de Física da UFRGS (2007), em que participei da criação dos cursos de “Bacharelado em Física – Materiais e Nanotecnologia” (agora extinto) e “Engenharia Física”. Entre 2011 e 2016 atuei como Superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento na CEITEC S.A.

Como você conheceu o curso de engenharia física?

Faz tempo, então estou meio esquecido. Foi entre 2007 e 2008, um pouco antes de o Prof. João Schmidt, Diretor do IF na época, convidar o Prof. Fernando Araújo-Moreira, Coordenador da Engenharia Física na UFSCAR, para palestrar sobre o curso. Nessa época o Instituto de Física aderiu ao “Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni)” do MEC e estava trabalhando na reorganização dos cursos de graduação.

Por que você se envolveu tanto com a formação desse curso na UFRGS?

O meu envolvimento com o curso deve-se em grande parte a valores/objetivos em comum, eu diria que principalmente o de empregar a excelência acadêmica da UFRGS para formar agentes de inovação para nossas indústrias, profissionais que são “máquinas (no bom sentido) de converter inteligência em qualidade de vida para a sociedade”.

Para você, o que é engenharia física em sua essência?

Estou adotando um conceito construído a muitas mãos na COMGRAD e no NDE: Engenharia Física é a modalidade de Engenharia que compreende produto (bens e serviços), componentes ou processos baseados em fenômenos físicos acoplados ou propriedades físicas interagentes ou na aplicação simultânea de múltiplas áreas da Física, incluindo a formulação e o emprego de modelos simbólicos e de processamento computacional. Isso é “multifísica” – dá uma olhada em https://www.comsol.com/multiphysics

O que a engenharia física tem para agregar no setor de alta tecnologia

As engenharias entregam valor para a sociedade resolvendo problemas/viabilizando a inovação – se não fizer isso, não é engenharia . A Engenharia Física, devido aos temas que a compõe, é particularmente útil para resolver problemas relacionados à alta tecnologia, isso é, problemas próprios de atividades complexas/intensivas em conhecimento. (A propósito: às vezes eu sou mal interpretado e tomam “resolver problemas” como “fazer alguma gambiarra para que a máquina continue funcionando.” Isso não é Engenharia. Engenharia é atacar um problema relevante com método (técnica) e produzir uma solução através de um projeto.)

Considerações finais

Minha mensagem final é que todos os dias somos desafiados a converter inteligência em qualidade de vida. Vamos encarar, com brilho nos olhos e faca nos dentes!!!

Caso tenha interesse de saber um pouco mais desse curso, indicamos que veja esse vídeo.